quarta-feira, outubro 27, 2010

A Garota e a Rosa!

Neblina de depressão que suga minhas verdades, com um suspiro profundo e com um olhar fixamente preso ao nada, ela disse quase não dizendo, seus lábios mal mexeram, sua voz quase não saiu:


-“Estou me sufocando.”

Ficou em silencio alguns instantes e tornou a dizer:

-“Estou perdendo a fé, to cansada de fingir ser forte.”

Mal disse estas palavras e se foi com um olhar perdido e os passos fracos, sumiu entre os espinhos.

Mas tarde a reencontrei sentada embaixo de uma árvore ao lado de um lago, Com uma rosa vermelha nas mãos, a qual olhava insistentemente, era uma rosa como jamais vi igual, uma beleza sinistra, tinha um perfume sedutor e parecia sorrir de tão suave.

Pude percebi que ela aos sussurros dizia:

-“Esta rosa fui eu...” Novamente uma pausa, ela arranca umas de suas pétalas, a maior que deixou um lado frouxo e continuou.

-“Esta pétala foi minha primeira queda, a maior, a pior.”

Assim, as outras sem apoio começaram a cair, e junto com cada pétala uma lágrima sua caía, ao longe era uma cena que me prendia a atenção, parecia um recital de um poema.

E em meio a lágrimas quase não conseguindo falar ela murmurou:

-“Este é meu sangue da cor de suas pétalas, e este meu mesmo sangue representam suas lágrimas.”

Ao ouvir isso voltei para sua mão e a vi sangrando, pois apertava os espinhos com tanta vontade que estes se escondiam em suas mãos frágeis e calejadas. Ela, porém ficou ali horas e horas, na mesma posição, como se não sentisse dor, como se nada a incomodasse mais... Estava tão perdida em si que nem notou minha presença, depois de um estudo de aproximação, cheguei perto e lhe estendi a mão, e seu único gesto foi me olhar tristonha, um olhar que lembrava águas profundas numa noite obscura e tortuosa por ventos sombrios. Abaixou a cabeça e sussurrou:

-“Vá antes que a última pétala caia, hoje a lua chorará sangue...”

Escutando isso eu percebi que ela já tinha perdido a fé, a graça, a vida, ela tinha esquecido como viver, e nunca mais a vi, mas onde seu sangue pingou em noites de lua cheia abrem as mais belas rosas vermelhas, tão intensas que parecem chamar a morte, seu perfume exalam entre ruínas, e isso é o que restou dela.
Tão belas, intensas, fracas e sem vida.

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