Fugindo tropecei no amor! (Parte 1)

Era uma garota beirando seus vinte anos, era calmamente nervosa e meigamente macabra. Tinha uma forma pessimista de interpretar a vida, e mesmo assim tinha esperanças de algo forte, algo como frescor de menta com perfume de lírios pela manhã. Sentia-se presa num pesadelo do qual nunca acordava, mas vez ou outra

ela planava por entre vazios de sua mente atormentada e solitária. Ela não mais acreditava no amor, sentia um vazio a respeito, seu coração virou rocha com o tempo, e suas lágrimas evaporaram com o calor. Mas mesmo assim ela o procurava, e atrevia-se em tentar decifrá-lo, imaginando seu toque suave e áspero, porque ela não gostava de levezas. Isso é coisa de gente fresca, ela apreciava as coisas brutas, o mal feito, o

que todos temiam. Enquanto ela temia o que todos queriam, “o tal do amor”. Foi tudo muito rápido, como uma armadilha do destino, enquanto ela corria da vida tropeçou e esbarrou num moço bonito do sorriso asfixiante. Ele a segurou firme pela cintura numa tentativa de não deixá-la cair, tal aproximação a fez suspirar profundamente, retribuindo tal gesto com um olhar amedrontado e um passo para trás. O rapaz sorrindo pergunta se estava bem, convidando-a para um café e se apresentou:

-Prazer Miguel!

Ela franziu a testa, torceu a boca levantando uma das sobrancelhas e agradeceu.

-Obrigada! (Seca assim mesmo, como se ele não tivesse feito mais do que deveria).

Como ele mencionou “café”, não conseguiu recusar o convite, era uma de suas taras, vícios. Entraram num café logo ao lado, ela arrastou o banquinho escondendo o rosto atrás do cardápio, enquanto pensava:
-“Ele não desarma esse sorriso, como se me fuzilasse com sua gentileza. O que tem de tão bom para sorrir assim?!”

Interrompendo seus pensamentos chega a garçonete para anotar os pedidos. Ele pediu um café gelado com chantilly, ela jogou o cardápio e pediu um café morte.

-Ops! (Ela corrigiu, cobrindo levemente a boca). Um café forte, não precisa acrescentar soda e nem

veneno, por favor.

Falou essas palavras em busca de uma fuga para ocultar seu desejo traído e revelado por seus lábios. Encarando Miguel por baixo, que mantinha uma expressão tranquila, ela se lembrou de jasmim, não entendia o porque da comparação, mas ignorou. Miguel lançando um olhar desafiador insiste:

-Você ainda não me disse seu nome. Quem é a moça que atropela esquinas como se fugisse?

Fixando seu olhar em seus dedos ela responde:

-Não é ninguém, apenas um mau presságio.

Miguel não desvia o olhar como se tentasse ler sua mente, seus gestos. E enfim o pedido chega.

-Um café gelado para o rapaz e um de "morte" para a moça. (Sorri a garçonete na tentativa de arrancar um sorriso da moça tristonha).

Ela apenas lança um sorriso de canto, vira a xícara como se fosse uma dose de cachaça, levanta-se, agradece a gentileza e antes que Miguel pagasse a conta ela cruzava a rua. Ele corre até a porta e grita:

-Onde, como posso encontrá-la?

-Apenas tome cuidado ao virar uma esquina. (Desaparendo entre a multidão).

(Continua...)

[Resolvi tentar escrever um conto, já tem um tempinho que comecei a escrever este, mas estava em dúvida se postava ou não. Hoje juntei coragem e ai está. Espero a opinião sincera de todos, e de coração que gostem.]

Beijos!!!

Taty N.S.